CEPSUL realiza oficina “Tubarão não é Vilão” na Volvo Ocean Race em Itajaí.

(Itajaí – 24/04/2018) Foi realizada, na quinta-feira, 19 de abril de 2018, a oficina "Tubarão não é Vilão". O evento ocorreu no estande da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Itajaí (FAMAI) e fez parte da programação de sustentabilidade da Volvo Ocean Race.

 A oficina foi destinada a todos os públicos (de crianças a adultos) e teve como objetivo abordar questões relacionadas ao consumo consciente, história de vida e ao estado de conservação dos tubarões.

Estes temas estão entre as ações do Plano de Ação Nacional para a Conservação de Tubarões e Raias Marinhos Ameaçados de Extinção (PAN Tubarões), coordenado do pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Sudeste e Sul (CEPSUL).

Durante o caminho até o estande já era possível ouvir os comentários de quem via os exemplares de tubarão sendo levados: "Olha um cação", "não, acho que é um tubarão". Embora cação e tubarão sejam o mesmo animal, há um considerável desconhecimento por parte do público em geral, sobre o assunto. As pessoas tendem a achar que cação é um peixe qualquer e não reconhecem como tubarão. Como costuma-se dizer em tom de brincadeira, "o bicho no mar é tubarão, no prato é cação".

Para esclarecer as dúvidas, o biólogo Rodrigo Barreto, bolsista CNPq do CEPSUL, informou ao público que o Brasil é hoje o principal consumidor de tubarão no mundo. Também foi feito o alerta do perigo do consumo destes animais por gestantes e crianças. Uma vez que os tubarões são animais de topo de cadeia alimentar, acumulam, em seu organismo, metais pesados como o mercúrio, cádmio e chumbo, altamente prejudiciais à saúde, sobretudo de fetos e crianças que estão com o organismo em formação. Enquanto outros países dão sinal vermelho sobre o consumo desta carne, no Brasil, carne de "cação" é servida como merenda escolar em escolas públicas. Você pode ler mais no artigo Rethinking use and trade of pelagic sharks from Brazil, de autoria de Barreto e colaboradores e na reportagem da BBC O que faz do Brasil uma ameaça ao futuro dos tubarões - que muita gente come sem saber. Este tema, também instigou o oceanógrafo Fernando Fiedler, bolsista CNPq do CEPSUL, a desenvolver projeto de pesquisa para testar concentração de metais nas principais espécies comerciais do sudeste e sul.

Na oficina também foi possível explicar por que a maioria das espécies de tubarão não consegue sustentar níveis altos de exploração. De acordo com avaliação realizada pelo Instituto Chico Mende de Conservação da Biodiversidade – ICMBio -, entre 2012 e 2014, dentre as 82 espécies de tubarão que ocorrem no Brasil, 31 encontram-se ameaçadas de extinção (Vulnerável - VU, Em Perigo – EN ou Criticamente em Perigo - CR) e outras 22 não possuem informações suficientes para serem avaliadas (Dados Deficientes – DD). Aspectos da biologia e ecologia de algumas espécies também foram apresentados, com a finalidade de informar porque são animais tão susceptíveis aos impactos antrópicos. Ao contrário da maioria dos peixes ósseos, tubarões possuem história de vida conservativa. Isto porque possuem alta longevidade, amadurecem sexualmente com idades relativamente elevadas e produzem poucos filhotes ao longo da vida.

De acordo com Rodrigo Barreto, este evento foi estratégico não apenas porque vai de encontro a, pelo menos, três dos nove objetivos específicos do PAN Tubarões. Mas porque foi realizado no local onde a captura (e o consumo) destes animais é altíssima (Itajaí concentra a maior frota pesqueira industrial do Brasil e tem uma população que se autodenomina "peixeiro/a") e, dentro de um evento com abrangência internacional (Volvo Ocean Race) que também teve como foco a divulgação de problemas relacionados à conservação marinha (plástico no mar). O bolsista do CEPSUL completa dizendo que iniciativas deste tipo certamente contribuem para incentivar outros articuladores e colaboradores do PAN Tubarões a realizarem ações e que atualmente o CEPSUL ocupa papel de destaque na conservação de tubarões no Brasil e no mundo.

Jorge Eduardo Kotas, analista ambiental do CEPSUL e coordenador do PAN Tubarões comentou que, além de atender às demandas do PAN, ações de conscientização são sempre importantes.

 

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